sexta-feira, 30 de julho de 2010

Buenos Aires

"A vida tem sons que pra gente ouvir

Precisa aprender a começar de novo.

É como tocar o mesmo violão

E nele compor uma nova canção..."

Tavito - Ney Azambuja - Paulo Sérgio Valle

Um recomeço

Bete Godoy

Agosto de 2009, depois de muitas idas e vindas vem o diagnóstico...
Eu câncer linfoma não Hodgkin, A Bete um câncer do pulmão que havia comprometido todo o seu pulmão esquerdo
Eu sessões de quimioterapia... Bete uma pneumectomia ( retirada do pulmão- esquerdo).
Juntas partilhamos sonhos, desejos, esperança e apostamos em projetos na busca por uma educação pública de qualidade.
Só não imaginávamos que juntas partilharíamos sonhos, desejos, esperança e apostaríamos em um novo projeto: O de qualidade de vida.

Tínhamos algo em comum além da vontade e do comprometimento com o nosso trabalho, mas que até então pouco conversávamos sobre quando estávamos juntas: A FÈ no Criador.
Tem coisas que só mesmo Deus pode explicar, pois o inexplicável só pode vir de Deus, o que tem resposta vem do Homem.
Duas amigas, duas almas, dois corpos... que passariam por um novo desafio: lutar pela própria vida.
Encontramos na palavra de Deus que é boa, perfeita e agradável o remédio, o colo, o conforto... para suportar dor e nos afastar do medo.
Muitos ficaram surpresos com o fato de algo tão difícil acontecer com a gente ao mesmo tempo.
Sabíamos que isso não era um acaso e que até nas situações tempestuosas Deus trabalha a nosso favor, Ele cuida dos detalhes.
Não abrimos mãos dos nossos sonhos com a educação, mas foi preciso um tempo para que pudéssemos cuidar de si mesma, olhar e lidar com a nossa essência sem buscar explicações, mas aprender para que e o que poderíamos melhorar como pessoa.
Muitos ficaram novamente surpresos fomos curadas! Outra vez algo em comum: Marcadas por um milagre. Glória a Deus por isso!
Juntas sonhamos, juntas oramos, juntas buscamos a misericórdia de Deus e juntas recebemos a Graça.
Hoje vemos e sentimos a vida, o outro, os sons, os sabores, os amores, a dores, os desafios, os medos com outro olhar. Se não partimos é porque ainda temos o que fazer por aqui. Que a nossa história possa ser testemunho vivo de que a Fé nos salvou.Um dos sonhos que se tornou realidade depois do renascimento foi viajar a Buenos Aires como uma retomada, sobre outra perspectiva, pois exatamente a um ano atrás foi minha última viagem antes do diagnóstico.

Dia 16 de julho partimos de São Paulo as 07h da manhã as 10h30 pousamos em Buenos Aires, Carol (amiga do irmão da Bete, uma portenha) foi buscar nos aeroporto e naquele momento uma nova amizade está sendo construída.
Muito risonha e comunicativa Carol fazia questão em falar pausadamente para que pudéssemos entender. Como já conhecia o Brasil e em especial São Paulo sabia falar várias palavras em português o que facilitou bastante.
Como nossa entrada no hotel estava prevista para as 15h deixamos as nossas aproveitamos Carol que se prontificou a ser nosso cicerone pela cidade. Muitas conversas surgiram e foi interessante andar novamente ( eu Cristina) pelas ruas de Buenos Aires com uma médica portenha. O nosso primeiro estranhamento foi saber que mesmo com toda formação acadêmica ou talvez devido a sua formação acadêmica Carol não contemplava a arquitetura do seu país que é um museu a céu aberto. Me pergunto se os seus olhos não estariam anestesiados, adormecidos viam mais não enxergavam. Como cada um aprecia a vida, a natureza, a intervenção humana e a morte é mesmo subjetivo.

Primeira parada, ver o Congresso Nacional, a praça em frente, os arredores e tentar chegar em Caminito... surreal, anda, pega ônibus errado, desce caminha duas quadras, outro ônibus, enfim chegamos, fomos direto a La Bomboneira, estádio do Boca Junior. Incrível o ar, o som e as imagens são alucinantes gente pensar que estamos num mundo parecido como de Alice e a certeza que a qualquer momento sairíamos por uma porta e voltaríamos ao mundo real era o que nos aquietava, rsrsrs salve o Palmeiras, o São Paulo... o mundo não é só Boca Junior





Ao posar para as fotos Carol brincou dizendo que fazia isso só porque era nossa amiga, mas que o seu time é o River ( não sei se é assim que escreve) de qualquer forma colocamos nossos pés e sapatos na calçada da fama.





Depois Caminito, informações desencontradas sobre a história do bairro e a fundação do Clube, percebemos que Carol não conhecia muito sobre a cultura local e Cristina contribuiu bastante com o que sabia e entre risos e gargalhadas encontramos um local interessante para almoçar cardápio : Parrilha, claro!

Único problema é que não comemos carne mal passada. Carol também estranhou nosso costume.
_ Como não come? Es loca? Perguntou-nos Carol, e começou a nos explicar um pouco sobre a culinária local.

  • Como a carne é muito boa não é necessário ser bem passada, ela é muito macia;
  • Pão em todas as refeições;
    Nunca corte o pão com faca. Sempre com as mãos!
  • Depois de assistir a uma dança de tango (restaurantes, bares ou na rua) eles passam o chapéu, sempre dê algo.
  • Não existe gorjeta embutida na conta, você dá quanto quer e se achar que foi bem atendido.
  • Quando gostar de algo que comeu diga mui rico.

Depois desta maratona enfim hotel, banho e cama... As primeiras horas em Buenos Aires foi o começo de dias felizes.